quarta-feira, 6 de outubro de 2010

o telefone tocou....

  O telefone tocou... faz-se silêncio !
 Depois de mais um momento exaustivo provocado por excesso de compatibilidade carnal entre Inês e Ricardo, ela simplesmente olha para o telefone a tocar. Aquele olhar deixa transparecer a angustia.
 Inês , ainda deitada , em meio de alguma réstia de desejo , teme .
 Ricardo , como sempre ,de uma forma meiga e compreensiva a toma em seus braços. Abraçam-se.Inês deixa escorrer algumas lágrimas e soluços e assim permanecem naquele emaranhado de sentimentos.
    -Porque ? Porque não acabo com esta angustia de uma vez por todas? Pergunta Inês em meio dos soluços.
 Em um tom compreensivo Ricardo delicadamente responde:
    - Porque não sou eu quem tu amas, porque em mim reside todos os sentimentos que possas ter... menos o amor.
 Aos gritos de desespero e de raiva Inês responde:
    - Tas a ficar louco? Não vês tudo o que eu faço por ti? E ainda tens a coragem de dizer que não te amo?Achas mesmo que não te amo? Eu morreria por ti ... MORRERIA !
 Ricardo abaixa a cabeça, levanta-se serenamente . Enquanto Inês se contorce na cama em movimentos parecidos com o que em momentos atrás estivera a fazer em pró do desejo , agora não passam de expressões do seu corpo a tentar de alguma forma mutilar-se , atingir-se , mesmo sem saber realmente o porque.
 Ricardo veste-se, escreve qualquer coisa em um papel, dobra-o e fecha a porta com tanta delicadeza, como se a porta fosse feita de porcelana. Inês só repara que ele já não lá está quando perde as forças ao se debater sobre si mesma naquele quarto de hotel. Quando se apercebe ainda corre até o corredor, mas Ricardo como que por magia desaparece.
 Ela volta, desdobra o papel que diz:
    "Sou o fruto do teu desejo reprimido, do teu vicio, da tua imaginação. Eu amo-te, nunca te esqueças, mas não quero mais ser apenas o teu desejo de amar... "
 As lágrimas caíram mais uma vez, mas não de raiva como outrora. Uma espécie de alívio e de serenidade subitamente se apoderam de Inês.
 Inês veste-se, agora mais calma. Agarra o telemovel :
    "Amor desculpa, estava a fazer compras, já vou a escola buscar os miudos.... e olha... nunca te esuqeças és o marido de sonho de qualquer mulher! " .
 Ao desligar o telefone , da os últimos retoques na maquilhagem. Ao olhar-se ao espelho ri-se. Mas tenta ser rápida, as crianças estão a espera!

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